segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Fly Away Skyline Pigeon Fly Towards the Dreams You've Left so Very far Behind..."

Três músicas no mundo sempre vão lembrar minha mãe onde quer que eu esteja. A primeira é “Asa Branca”, que o Seu Gonzagão cantou pra mim, ainda na barriga (cof, cof), a segunda, “Rock´n roll Lullaby” do B.J. Thomas, que ela sempre colocava pra me ninar e a terceira: “Skyline Pigeon” do Elton John, que dançavamos juntas, como se não houvesse amanhã. Coincidências da vida ou não, no último dia 24, enquanto minha irmã estava no auge do trabalho de parto, na sala de espera, minha mãe via Sir Elton John , em pleno Rock´n Rio cantando o quê? Pois é...
Não quero começar a sessão “aborrecimento” da tia babona que passa horas falando da “feiúra” e da “falta de graça” da nova criatura, nem das inúmeras sincronicidades que fazem dela alguém tão “pouco especial”. Parto apenas no princípio de que uma pessoinha que já começa a vida com uma trilha sonora cheia de significado e com tanto carinho a sua volta, tem o direito e o dever de ouvir o melhor em prosa, verso e canção. Mamãe Ruth passa bem (não dorme, mas isso não vai estragar o texto. Ahaha) e nós, incluindo avó e uma outra tia coruja, fazemos questão de agradecer nos preparando para todas as novas e lindas partituras que ela há de trazer.
Bem-vinda ao mundo, sobrinha amada! Shaná Tová!!!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

“Eu Vejo o Futuro Repetir o Passado. Eu Vejo um Museu de Grandes Novidades...”

Qualquer sensação em primeira pessoa ganha em intensidade o que, salvo poucas excessões, perde em clareza. Paixões extremas sob alcunhas tão complementares quanto raiva ou obsessão são exemplos disso. Mas, se muitos insistem em colocar o amor numa esfera à parte, escritores como o turco Orhan Pamuk fazem exatamente o contrário e acabam assim, nivelando o tal sentimento maior a mais humana das condições .
Nas últimas duas semanas visitei seu “Museu da Inocência”, graças a querida Roseli Silva. Percorri uma exposição repleta de contemplação sufocante, paixão solitária, e fragmentos de tempo tão intensos que só os grandes apaixonados conseguem detectar. Em cada “corredor”, a humilhação implacável do julgamento do olhar externo. Em cada uma das 4213 bitucas de cigarro apagadas pelo ser amado ( dispostas na coleção), a vertigem de uma felicidade que sobrevive alheia a tudo. Em cada olhar trocado, a promessa não dita da possibilidade de um futuro comum.
 

Nada disso diz respeito aos casais formados, ou aos esperançosos em busca do encontro. Este museu fala de um estado permanente de entorpecimento que precisa do objeto, mas que consegue sobreviver apesar dele.
Kemal, o personagem principal, é extremamente corajoso não só por deixar uma terceira pessoa (o autor) “encarnar” sua voz, ou por nos permitir percorrer os escaninhos mais profundos e patéticos de sua alma. Kemal é forte porque não tem medo de ser fiel a si mesmo, pela rebelião muda diante de uma sociedade turca tão fechada e principalmente por se permitir a dor, aos erros e as delícias de um grande amor. Quem não se enxergar em, no mínimo, 10% dessa narrativa, que atire a primeira pedra.  Eu? Só tenho a agradecer. Meu museu segue em construção.

terça-feira, 26 de julho de 2011

"Tender is the Day...The Demons Go Away"

“Estou mais inocente agora do que quando tinha vinte e poucos anos”. Com esta frase Damon Albarn, líder do “Blur” ( do “Gorillaz” e do “The Good, the Bad and the Queen” e de qualquer coisa legal que venha a acontecer na música pop nos próximos anos) resume sua jornada pela maior crise da banda no documentário “No Distance Left to Run”. Desafio qualquer ser humano a assistir a esta apresentação de “Tender” e não colocar um sorriso de cumplicidade no rosto ao reconhecer alguém que foi ao seu “inferno” e voltou pra contar.

Blur - Tender (Glastonbury '09) from Manny on Vimeo.

O “inferno” não são os outros, nem pode ser mensurado por mim ou por você. “Inferno” é pessoal, muitas vezes compartilhado e intransferível. É como diz o ditado: Desce quem “quer”, volta quem tem juízo. Damon não morreu aos 27. Não entrou para a tal galeria de mitos trágicos e é bem provável que não tenha milhões de camisetas estampando seu rosto daqui a cem anos. Damon não é Amy, e por isso mesmo, chegou até aqui .

No último sábado, pouco antes de saber da morte da cantora, assisti ao documentário. E, coisas da vida,  a frase que já havia me marcado, ganhou um significado ainda mais profundo.
A superação, seja em que nível for é sempre estimulante, venha ela do sobrevivente de um desastre, do trabalhador que se mantem honesto ganhando pouco ou de alguém que é referência para tantos.
Ícones são perpétuos porque fazem “mestrado” em fundo do poço, porque chegam onde ninguém (sensato) gostaria de ir e porque expõem o que tantos querem ver, mas ninguém quer sentir. Entre ser mito e ser “só” o cara legal que tem uma banda de brit-pop, prefiro o segundo. E diante da opção tomada, sigo esperando que, mesmo diante de mortes precoces anunciadas  e tragédias como a da Noruega, ainda tenhamos forças pra chegar lá na frente "mais inocentes que aos vinte e poucos anos". "Come on, Come on, Come on...Get Through It..."

quarta-feira, 6 de julho de 2011

"What the World Needs Now... is Love, Sweet Love..."

Comecei este blog no meu aniversário, do ano passado. Em meio aos “famosos” questionamentos que o data exige, lembro de um filme “bobinho” que marcou o 29 de maio de um outro ano, o de 1998. Era ano de fechamento de ciclo, fim de um tudo, recomeço de outro tanto. Tempo de crescer.
O tal filme era “O Casamento do Meu Melhor Amigo”. Não esqueço, pois a chamada era recorrente e aquela “aura” de felicidade ingênua conseguia me levar, por 30 segundos, para um “lugar”, no mínimo mais doce e confortável. 98 passou. O ciclo fez sua jornada uma e outra vez e seguiu seu curso, numa vontade inexorável de que os fatos e, principalmente, o entendimento sobre eles, evoluíssem também.

Mudei de cabelo, de peso, de casa, de gente. Só não mudei de mim. Os anos passam e minha compreensão, ainda que precária, só confirma que a vida gira em torno do equilíbrio entre o dar e o receber, da valorização das pessoas que se importam, do caminhar de mãos dadas, da construção como forma de crescer. Não era o Ferris Buller que dizia para o Cameron que a vida era curta demais?













Pois é...só que para alguns muitos, isto significa hedonismo a qualquer custo, egoísmo à toda prova, comodidade  e covardia sem limites. Não julgo, nem condeno (ô exercício...). Só não acredito, nem quero. Não hoje. Por agora, ainda prefiro a opção em que as palavras têm peso e significado. Em que a “confiança” conquistada vira meio de transporte, em que o valor do “senso de perda” é um meio para não desperdiçar tempo ou pessoas e na esperança mais ínfima sobre todas as coisas.  

Vivendo outra fase de fechamento e recomeço, lembrei do filme, neste dia 29 também. Não da cena em que todos cantam “I´ll Say a Little Prayer for You”, nem da Cameron Diaz massacrando “I Just Don´t know What to Do With my Self”. Minha sequência favorita, é aquela na qual a Julia Roberts, depois de quase acabar com a cerimônia, senta arrasada no corredor de um hotel e, depois de receber um cigarro de um funcionário ( sim, era o Paul Giamatti) , ouve a seguinte frase: “Isto também vai passar”. Lei universal que vale para todos: Sejam conhecedores de seus ritos de passagem ou não, jovens, velhos, ocos sentimentais ou amantes inveterados. Sejam todos descrentes ou não. Tudo passa.


PS: Agradecimentos especiais ao "melhor amigo", vulgo Sr. V, por ajudar a transformar o último 29 de maio, num dia infinitamente mais bonito. Algo que faz muito bem, diga-se de passagem, o ano inteiro.
PS 2: É, eu tava com saudades deste blog. J

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"Eu Conheci uma Gatinha...Ela Disse o que Queria...

...Ice Cream Soda com muita cobertura...oooh, que legal...sou bom, bonito e muito mais que isso...agora vou provar...”. Pois é...eu sei...Só uma mente doentia como a minha poderia guardar a letra muito mal dublada e imensamente querida dessa música do “Quero ser grande”. Na sequência, dois meninos descem uma rua cantando lado a lado, sem perceber, ou talvez entendendo tudo, que esse pequeno instante guardava o significado de uma amizade sem fim. “Revejo” esse momento num dia emblemático e especial...Na data em que a amiga-irmã que, por anos, tem descido a rua ao meu lado, ganha um “complemento” mais importante que qualquer máquina Zoltar...
Esse Tom Hanks sabe das coisas...o garoto que só queria ser adulto...salvou sereias, comeu seus muitos bombons...virou náufrago e “descobriu” que o importante da vida é continuar respirando e se preparar para o que a maré trouxer. E a maré nunca erra...ela traz o vento, a tempestade, a sabedoria...e hoje, só pra fazer uma surpresa para o mundo, trouxe um presente chamado Arthur.
É, sem precisar fazer o clássico pedido do filme da Penny Marshall, minha amiga linda cresceu sem aviso, se transformou em dois e, agora sobe qualquer ladeira mais feliz e mais forte, porque é isso que ela faz melhor. E eu? “Eu vou descendo...descendo pela rua..." e sempre...sempre por perto. Parabéns “Lado C”. 2011 começa bem!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

“….I…I Will Begin Again…On New Year´s Day…”

Se você chegou a este 29 de dezembro, parabéns! O natal passou. As compras passaram. O stress do amor universal baixou e agora é só aguardar A “virada”. Dia 31 vem aí! Simpatias, bebedeiras, abraços em desconhecidos, promessas, fogos na Paulista, fogos em Copacabana e claro: Luan Santana, te dando o sol, o mar e meteóro da paixão...Mas não é só... 
O sujeito passa 365 dias reclamando da vida, mas naqueles dez segundos que antecedem o grande momento, nada é mais definitivo que a certeza de algumas coisas: Ao final de 2011, seremos ricos, bonitos, resolvidos, amados, felizes, saudáveis, e pra não perder o costume, otimistas inveterados.

É verdade, somos movidos a rituais. São eles que nos conferem identidade cultural, que simbolizam graus de maturidade, que perpetuam a história...mas acredito também que, como qualquer convenção que se preze, representam uma sistematização de sentimentos...E disso não gosto.

Não quero ver tudo com cinismo e formalidade, nem acabar com a festa. Muito pelo contrário. Quero mais. Quero amores que durem mais que um abraço superficial. Quero presentes maiores que seu valor monetário. Quero sentir perto, mesmo estando longe. Quero crescer sem fita métrica ou calendário...Acredito no "comemorar", gosto de ritos, só não me convenço quando tudo se resume a obrigação robótica e anual da felicidade com a exata duração de uma noite. É com as outras 364 que me preocupo. E é em nome delas que me coloco à disposição de 2011. Ready? 10, 9, 8, 7....
 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“A Gente Brinca...Na Nossa Velha Infância...”

De todos os brinquedos dos parques de infância, sempre tive paixão pela gangorra. Eu podia “literalmente” passar o dia subindo e descendo só pra  ver  o mundo ficar diferente a cada vez. E era divertido. Divertido porque envolvia dois. Porque exigia uma cumplicidade que não precisava de expressão...porque não buscava nada além de um meio e um fim. E eu? Bom, eu me contentava com aquilo...

Ao crescer, instintivamente passei a fugir das “gangorras”. Elas, graças as “chicotadas” do amadurecimento, passaram a significar instabilidade, descontrole e parte integrante do álbum de figurinhas “dominante e dominado”. Esqueci, por muito tempo, que existe também aquela hora da brincadeira em que as duas partes, de repente, param no meio e buscam o equilíbrio. Naqueles breves minutos, eu me sentia segura. E sim, eu era feliz com aquilo.  

Nos últimos tempos, meus pensamentos têm “brincado” muito mais de “gira-gira” que qualquer outra coisa. Rodam porque não querem achar a saída. Circulam, cada vez mais emaranhados, porque sabem que em certos momentos, o cansaço da busca faz com que até a dúvida seja mais confortante que o vazio.

O jogo é perigoso, eu sei...até porque desde criança nunca entrei em partida alguma com a intenção de perder. Jamais dei menos que 1000% em nenhuma delas e divido com vocês todo o orgulho e o medo que esse tipo de estratégia gera. A verdade é que tenho construído a vida ( ou sería o contrário?), de modo que, com alguma ajuda aqui, outra ali, minha “gangorra” se movimentasse como um instrumento "resolvido" e auto-suficiente. Vai ver que é isso que o "povo" chama de dignidade....

 Na boa, eu gostava mais do tempo em que eram necessários, pelo menos, dois.